
Jair Bolsonaro (Foto: Carolina Antunes/PR)
Jair Bolsonaro diz que tem analisado a possibilidade de flexibilizar o isolamento social no Brasil via decreto, mas reconhece que a medida pode enfrentar problemas judiciais.
"O meu decreto está aqui para ser assinado. Estou estudando se assino ou não assino, porque vou ter um problema enorme na Justiça e [com o] Legislativo", pontuou em entrevista exclusiva ao Brasil Urgente nesta quarta-feira, 8.

‘Se minha mãe tiver sintoma, ela começa o tratamento imediatamente’, diz Bolsonaro sobre cloroquina
"O presidente da Câmara [Rodrigo Maia] já disse que derrubaria o meu decreto e tive notícias também iria sofrer impedimentos na Justiça logo na primeira instância", acrescentou. "Penso até em transformar o decreto em projeto de lei e mandar para o parlamento decidir".
Bolsonaro detalhou ainda o conteúdo da sua proposta, que iria alterar quais são as atividades essenciais no País. "No meu entender, atividade essencial é toda aquela indispensável para o homem poder levar para seus filhos um prato de comida. É isso", resumiu. "Você impede as pessoas de trabalharem, não tem comida em casa".
O presidente disse ainda que não tem esse poder todo que o povo pensa. "Tem que respeitar a federação, os Estados e municípios. Mas não podemos viver em um clima de guerra também, com toque de recolher. Algumas cidades já começaram a flexibilizar [o isolamento social], já tem aumento no trânsito, aos poucos as coisas vão se normalizando", afirmou.
"A chuva está aí. Vamos se molhar. Alguns, infelizmente, vão se afogar", completou, fazendo uma metáfora com a pandemia de coronavírus. "Cada família tem que proteger seus idosos, não jogar isso para o Estado. É colocar os idosos em casa e o resto ir trabalhar, porque os empregos estão sendo destruídos".
Conversas com Osmar Terra
Bolsonaro ainda comentou que tem conversado com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) sobre as medidas contra a pandemia. "Ele enfrentou a H1N1 [em 2009], entende do assunto", afirmou. "Ele fala que tem esse fantasma da curva, mas o número de infectados será o mesmo. O que buscamos fazer é ter meios para atender essas pessoas. Algumas vão perder a vida, lamentável, mas faremos o possível para que isso não aconteça".
Em meio a boatos de demissão do atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o nome de Osmar Terra surgiu como possível substituto. Questionado sobre o assunto pelo jornalista José Luiz Datena, o presidente desconversou: "Tchau, Datena, um beijo".